sexta-feira, 25 de abril de 2014


Porque treinar uma arte marcial pode te transformar em uma pessoa melhor.

Existem várias razões para um aluno entrar para uma academia de artes marciais. Alguns entram para emagrecer, outros para aprender a autodefesa e há ainda aqueles que pretendem aumentar a autoconfiança. Seja qual for a razão que faz com que cada aluno se matricule em uma escola de Tuchy-Foashy, por exemplo, ele aprenderá algo muito importante que servirá para toda a sua vida, em todos os momentos: a atenção a si mesmo.

A atenção começa quando a pessoa se depara com a necessidade de diferenciar a esquerda da direita, a altura de um golpe, a força de seu soco ou chute, ou o controle para não machucar o colega de treino. Essa mesma atenção continua no dia seguinte ao treino, em relação aquele músculo dolorido, que o aluno nem sabia que existia. Atenção às instruções do professor, ao invés do movimento do lado de fora da área de treino.

                                      ATENÇÃO AO QUE INTERESSA

O Tuchy-Foashy foi se desenvolvendo em épocas de guerra, em batalhas onde perder a atenção significava perder a vida. Esses métodos tornavam não só os guerreiros mais fortes, mas principalmente mais atentos, em todos os momentos. Um artista marcial sabe que o desenvolvimento da sua percepção é para todo o momento. Ele sabe que é uma pessoa só, e aquela percepção ou atenção irá acompanhá-lo a qualquer lugar.

Depois de algum tempo de treino, o praticante de Tuchy-Foashy começa a perceber que suas notas na escola estão melhorando, que seu desempenho no trabalho está aumentando e que sua família está mais próxima, pois sente que está tendo mais atenção.

Esta percepção começa a se refletir em todos os aspectos da vida do aluno. Ele começa a perceber coisas sobre si mesmo que não notava antes e a prestar mais atenção aos mínimos detalhes de suas ações e atitudes. Sente a água caindo em suas mãos enquanto lava um copo, a textura da comida que está sendo mastigada, assim como o seu gosto. Também passa a perceber os aspectos físicos do seu corpo e de suas ações, que antes passavam despercebidos pela rotina e por nossa reações muitas vezes automáticas, sempre esperando o que está para acontecer e lamentando o que passou, mas nunca presente neste momento.


                                         ENSINAMENTOS MARCIAIS

O artista marcial aprende a controlar e sentir o seu corpo em primeiro lugar. Essa é a primeira e mais simples etapa, pois basta a repetição e o treino para atingi-la. Daí vem o controle da mente sobre as ações e reações do corpo. É o controle que impede que o aluno abaixe o braço, mesmo que tenha sido golpeado fortemente nele. Controlar seu próprio corpo significa não deixar que as ações externas interfiram em suas ações, usando o controle do corpo e da mente.

Esses aprendizados se refletem no dia-a-dia, quando a pessoa passa a não se afetar com as reações enérgicas do chefe ou não perder o controle ao ser fechada por outro carro na rua. Além disso, mantém a mente equilibrada com eventuais problemas familiares, não fica inerte ou indiferente, e é capaz de analisar as situações sem julgamentos para que tenha tranquilidade de chegar à melhor solução. O controle mental permite que a visão não seja nublada e os problemas passam a ser mais simples de resolver.

O praticante de artes marciais aprende na prática a experimentar a turbulência de seus pensamentos, consegue limpar a mente, organizar os pensamentos úteis e usá-los como ferramentas, e não como itens que só atrapalham. A prática da meditação, que faz parte do treino marcial, é essencial para atingir este controle da mente.



                    Filosofia nas Artes Marciais

  Filo+sofia= amigo da sabedoria, isto deve estar no seu dicionario de termos filosoficos. 
Toda arte marcial tem inspiração e orientação em uma visao(doutrina) holistica, pois nao seria arte e sim tecnica marcial. A arte marcial tem limites e deveres que regem a postura e conduta do praticante, ao ponto de sem sabermos que arte marcial ele pratica, tenhamos noçao desta doutrina.

Alguem pacifico, bondoso, que respeite os demais sao caracteristicas de um artista marcial, que conseguiria com a sua "tecnica" matar ou ferir muitas pessoas, mas como artista procura a propria evolução na pratica marcial, tornando um homem melhor. Lembre-se que muitas artes marciais foram criadas e difundidas por religiosos(monges, sacerdotes) e naturalmente tem uma relação com a forma de pensar e agir destas pessoas, influenciando o seu ser.

 O sistema marcial é completamente criado de acordo com as leis do sistema filosófico vigente. Como os sistema filosóficos orientais são bem abrangentes no que me concerne ao desenvolvimento total do ser humano, os sistemas marciais são bem abrangentes também. Os sistemas marciais sempre estiveram ligados a um fim e não sendo a própria finalidade. Ou seja os objetivos da prática marcial eram outros que não marciais.
Com o advento da prática marcial pelos monges, inicialmente a prática objetivava o desenvolvimento espiritual. Isso porque a prática exige uma concentração e disciplina enormes e é portanto muito semelhante à meditação nesse sentido. É o exercício do corpo auxiliando à mente. 

Por isso a prática de filosofia se torna uma prática auxiliar e coadjuvante no desenvolvimento pessoal e marcial.
A prática marcial é bastante pessoal ou seja não é coletiva. E isso gera um aperfeiçoamento pessoal dentro do artista, obviamente o praticante que não objetivar tais aperfeiçoamentos não os atingirá. Quando o exercício marcial é executado com fins meramente marciais o ser fica bastante alienado e geralmente se torna bem limitado no sistema. 

 Isso se deve ao fato de desviar o objeto da prática para outro que não o original. Imagine qualquer hábito que se faça diariamente, pense que se o fizer com objetivos que não o competem ele certamente não irá se cumprir exatamente como o queria! 
Por exemplo, já imaginou utilizar um fogão para lavar pratos?
 Certamente você não irá assar nada e provavelmente não lavará nenhum prato! Assim acontece com as artes marciais, logicamente não tão drástico nem radical, mas bem semelhante. 

As pessoas costumam desviar o objetivo inicial da prática marcial que durante séculos estava ligado ao desenvolvimento pessoal e filosófico.

   Além desses objetivos acredito que um praticante que não tiver um mínimo de filosofia na sua prática torna-se um assassino com os punhos. Uma arte que é a arte de lutar tem que ter limites e esses limites são impostos pela Filosofia Marcial. 

A filosofia marcial trata apenas de questões ligadas à arte e à sua execução, de modo geral organiza a mente do praticante para agir de forma coerentemente ética. 

Cada arte tem um código de conduta e isso é visível até mesmo em artes que atualmente são meramente competitivas, com isso não quero criticar os códigos de conduta, mas o código sem um estudo do mesmo se torna um pouco supérfluo.

 Talvez os códigos tenham sido criados com esta finalidade no entanto com a difusão descontrolada da arte meramente marcial, os códigos vão perdendo  o seu sentido e sua forma é mantida  apenas sobre um aspecto  material e/ou cultural.

 Qual seria um outro verdadeiro motivo para o envolvimento de diversos praticantes de artes marciais estarem envolvidos em brigas de rua, confusões entre outros? Diversão!
A prática marcial apenas por diversão torna qualquer motivo um motivo para se divertir e conseqüentemente com a diversão que mais agrada ao indivíduo. Pode parecer um pouco infantil. Eu afirmo incisivamente que é!


                   CONTROLE EMOCIONAL É LIÇÃO VALIOSA

  O Tuchy-Foashy faz com que o praticante confronte o seu pior inimigo: ele próprio, representado por suas emoções. O controle emocional exige que a pessoa analise suas responsabilidades, culpas ou ressentimentos. 

Afinal, o descontrole ocorre quando há consequências negativas de uma determinada situação. Se o artista perder o medo de errar, assumir a sua responsabilidade pelas suas ações e, principalmente, perdoar-se por tudo o que fizer de mal, estará livre do medo das emoções.

  Aí o praticante de Tuchy-Foashy conquista o pleno conhecimento de si mesmo, em todos os aspectos, o físico, o mental e o emocional. Controla todos os aspectos da sua vida. Sabe que sua vida está interligada a todas as outras, mas que tem pleno controle sobre suas próprias ações. 

O praticante de artes marciais vislumbra que aprender a lutar é o caminho, a ferramenta para desenvolver todos os aspectos do seu autoconhecimento, e pré-requisito para o seu autocontrole.

Ele aprende que toda a luta foi para combater a si mesmo, e que ele sempre seria o vencedor no final, e que não existe o inimigo externo. E quando todos chegam a este estágio de desenvolvimento não há mais lutas, somente a paz, pois a verdadeira luta é interior.

E esta é a essência e o paradoxo não só do Tuchy-Foashy, mas tambem da maioria das artes marciais: aprender a lutar para nunca mais precisar lutar...