sábado, 21 de junho de 2014

                         Saudação Kin Lai, Ching Li ou Jing LI


                                           A saudação tradicional do Kung Fu



Essa saudação é executada com ambas as mãos, sendo: a direita fechada (representando o Sol) e a esquerda aberta (representando a Lua) por cima da outra mão. O "sol" e a "Lua" formam um novo caractere denominado Ming () Significando Clareza ou esclarecimento.

A saudação Kin Lai é um costume que faz parte das tradições milenares das artes marciais chinesas. 
Ela mostra respeito mútuo um pelo outro, para ele, pelo seu trabalho e suas habilidades em fazer .

Anteriormente, a saudação teve uma aplicação prática, os artistas marciais estavam sempre cauteloso, e apertar as mãos (como na saudação ocidental) foi considerado uma ameaça ou um convite para o ataque já que as técnicas de Qin Na era muito comum na maioria dos estilos de Wushu da China antiga.



Qinná, Qin'Na ou Chin Na 秦娜:

É qualquer técnica de imobilização e controle do oponente, isto é, praticam-se golpes direcionados a específicos pontos de pressão e distensão de articulações, tendões e músculos, no fito de submeter o adversário, fazendo-o com que desista de prosseguir no eventual ataque. O nome pode ser traduzido como «pegar», «segurar»; os ideogramas chin e na significam agarrar ou segurar e controlar, respectivamente. Era uma prática usada em quase todos os estilos de artes marciais chinesas, Que é bastante utilizada nas técnicas  do Tuchy-Foashy.


Tal como no passado tentaram evitar o contato com pessoas inescrupulosas, para evitar ataques de surpresa. 


Ao cumprimentar, ter o cuidado de dobrar o polegar esquerdo, pois isso mostra "humildade".  
Se este é colocado de frente para o ser expandido, indicaria algo como "eu sou melhor que você, ou eu sou o número um" na tradição chinesa. Os quatro dedos restantes permanecer estendida e simbolizam "unindo Wushu através dos quatro mares.

Usar a inteligência (mão esquerda em palma) é mais eficiente do que usar o punho (mão direita fechada).


Outra saudação utilizada, na qual a mão esquerda fica aberta com dedo polegar fechado e mão direita fechada, a mão esquerda aberta mescla 4 principios básicos e a humildade (polegar abaixado como uma pessoa se curvando) e a mão fechada significa a força, porque a força sem os 5 princípios não é nada.

CHI-1- FIRME DE CARÁTER.

-Desenvolver responsabilidade, sinceridade, honestidade e serenidade para viver em paz, conhecer a si próprio, estabelecendo objetivos e prioridades.

HEI-2- DESPREENDIDO E ESTEJA SEMPRE PRONTO A AJUDAR O PRÓXIMO.

-Ser fiel e amigo estando sempre disposto a ajudar os companheiros de caminhada.

JUNG-3- CORAJOSO E HERÓICO.

-Auxiliar os fracos e combater os abusos, com absoluta isenção de discriminação, ajudar sempre aos necessitados e oprimidos, através da justiça, em harmonia com a força.

WAI-4- ATIVO EM TODOS OS EMPREENDIMENTOS.

-Usar da inteligência, raciocínio e disciplina para manter uma postura ativa, oportuna e responsável. Não se moldar aos aspectos das mentes das outras pessoas e estar sempre disposto ao aprimoramento do raciocínio, sendo sempre assíduo e pontual, não usar meios ilícitos e abusar da ganância para obter a riqueza e valores imorais, visto que o essencial na vida é ter SAÚDE, AMIGOS E FELICIDADE.

Por ter uma rígida base filosófica, as artes márcias chinesas ou Wushu estimula o desenvolvimento mental antes do desenvolvimento físico. Embora os dois tipos de desenvolvimento aconteçam de forma simultânea, O praticante de Tuchy Foashy percebe, depois de um tempo de treino, que sua segurança aumenta não devido sua confiança no punho, mas sua maturidade da mente.


Quem não é capaz de manter-se em harmonia com os princípios básicos do Kung fu dificilmente consegue ter um pleno desenvolvimento na prática do Tuchy Foashy.





Embora presente em todos os estilos da milenar arte marcial chinesa, são poucos os que, ao executarem, conhecem os significados tradicionais e históricos que envolvem essa saudação. Uma outra variação do siginficado é a ching li pode ser uma saudação de cortesias, Ching significa saudar ou reverenciar, enquanto li  significa cerimônia ou cortesia, ou seja, podemos entender esse termo como “saudação de cortesia”. 
O simples gesto de pousar a palma da mão esquerda estendida sobre o punho direito cerrado tem, a princípio, a interpretação de que a “mão educada” cobre a “mão agressiva”. Por essa razão, essa saudação é também compreendida como um gesto de respeito e humildade.



Na tradição do sul (Kwang Tung, Fujian, principalmente), essa saudação é chamada de Kin lai, a mão esquerda representa o “Dragão verde綠龍 que simboliza a energia yang, a energia masculina, a primavera, a direção leste, e claro, o seu significado milenar de coragem e perseverança. A mão direita representa o “Tigre branco”  白虎 que simboliza a energia ying, a energia feminina, o outono, a direção oeste, bem como o seu milenar atributo de força e proteção
Esse significado da saudação foi baseada em um antigo conto chinês narra o encontro de Lu Long (
dragão verde) e Pai Hu (tigre branco), de cujo acasalamento gerou-se muito poder, prosperidade e uma abundante energia que foi emanada por todo o universo tornando-os, por isso, inseparáveis.

O significado da saudação que  se refere ao fato da mão esquerda aberta simbolizar a lua 月亮, ao passo que a mão direita fechada simboliza o sol  太陽 , e ao se unirem as duas simbolizam a clareza 晰明 no universo do aprendizado. 


Essa saudação teve um outro significado alem desse na época das “sociedades secretas”, que tinham como objetivo lutar pela restauração da Dinastia Ming, esta derrubada pela Dinastia Ching. Os membros dessas sociedades executavam essa saudação com as mãos invertidas, ou seja, direita em palma  e esquerda em punho, sendo que a união das duas geravam a mesma interpretação. Ou seja, Ming, mas nesse caso referindo-se à dinastia pela qual lutavam para restaurar, cujo o lema era fan Ching fu Ming , algo que podemos traduzir como “Derrubar Ching e restaurar Ming”. Mais tarde, uma contra-senha derivada desta saudação chamada Wu pai xiang ,“os cinco incensos”, foi criada para proteger a integridade e manter o anonimato dos membros destas sociedades secretas.

Hoje, o Ching li ou Jing LI, seguindo as tradições sulistas chinesas, são executados ao adentrar no Wu kwan  para o Shi Fu, para os membros da família ou da associação, assim como para aqueles que tomam parte da comunidade marcial. Executá-lo antes de iniciar e ao encerrar os treinamentos técnicos demonstra respeito e gratidão, da mesma forma quando trocada entre parceiros de treino.

Claro que muitos praticantes continuaram executando essa saudação, digamos que no “automático”, porém ele só será verdadeiramente Chin li se estiver imbuído de cortesia, respeito ou gratidão.

-Diga Olá quando você se encontrar com seu mestre (isso mostra o seu respeito pelos ensinamentos que ele transmitiu), e se despedir dele. Além de cumprimentar seu mestre antes que ele cumprimenta-lo e deve manter a saudação ao peito até que seu dono para devolvê-lo.

-Cumprimente seus instrutores pela mesma razão.

-Saude quando você entrar e sair do local de treino, para mostrar respeito para os conselhos escolares ancestrais, que representa os sacrifícios dos grandes mestres do passado e seu compromisso com a disciplina.

-Cumprimente seus pares (irmãos de prática), para mostrar que o trabalho em conjunto para melhorar as qualificações.

A saudação é realizada com o espírito e o estado de alerta, é neste momento onde o aluno deve trazer toda a sua atenção, concentração e energia.

Não tenha vergonha de fazer esse gesto em uma escola de artes marciais ou de outros profissionais, uma vez que seu hábito de saudação é desenvolvido, a ação adequada virá naturalmente e ajudá-lo a apreciar o real significado das artes marciais .



No Tuchy-Foashy a saudação Kin Lai, Ching Li ou Jing LI,  e usada prezando seus princípios e seu significado original, de respeito, honra, humildade, gratidão, cordialidade, cortesia e disciplina.

sexta-feira, 25 de abril de 2014


Porque treinar uma arte marcial pode te transformar em uma pessoa melhor.

Existem várias razões para um aluno entrar para uma academia de artes marciais. Alguns entram para emagrecer, outros para aprender a autodefesa e há ainda aqueles que pretendem aumentar a autoconfiança. Seja qual for a razão que faz com que cada aluno se matricule em uma escola de Tuchy-Foashy, por exemplo, ele aprenderá algo muito importante que servirá para toda a sua vida, em todos os momentos: a atenção a si mesmo.

A atenção começa quando a pessoa se depara com a necessidade de diferenciar a esquerda da direita, a altura de um golpe, a força de seu soco ou chute, ou o controle para não machucar o colega de treino. Essa mesma atenção continua no dia seguinte ao treino, em relação aquele músculo dolorido, que o aluno nem sabia que existia. Atenção às instruções do professor, ao invés do movimento do lado de fora da área de treino.

                                      ATENÇÃO AO QUE INTERESSA

O Tuchy-Foashy foi se desenvolvendo em épocas de guerra, em batalhas onde perder a atenção significava perder a vida. Esses métodos tornavam não só os guerreiros mais fortes, mas principalmente mais atentos, em todos os momentos. Um artista marcial sabe que o desenvolvimento da sua percepção é para todo o momento. Ele sabe que é uma pessoa só, e aquela percepção ou atenção irá acompanhá-lo a qualquer lugar.

Depois de algum tempo de treino, o praticante de Tuchy-Foashy começa a perceber que suas notas na escola estão melhorando, que seu desempenho no trabalho está aumentando e que sua família está mais próxima, pois sente que está tendo mais atenção.

Esta percepção começa a se refletir em todos os aspectos da vida do aluno. Ele começa a perceber coisas sobre si mesmo que não notava antes e a prestar mais atenção aos mínimos detalhes de suas ações e atitudes. Sente a água caindo em suas mãos enquanto lava um copo, a textura da comida que está sendo mastigada, assim como o seu gosto. Também passa a perceber os aspectos físicos do seu corpo e de suas ações, que antes passavam despercebidos pela rotina e por nossa reações muitas vezes automáticas, sempre esperando o que está para acontecer e lamentando o que passou, mas nunca presente neste momento.


                                         ENSINAMENTOS MARCIAIS

O artista marcial aprende a controlar e sentir o seu corpo em primeiro lugar. Essa é a primeira e mais simples etapa, pois basta a repetição e o treino para atingi-la. Daí vem o controle da mente sobre as ações e reações do corpo. É o controle que impede que o aluno abaixe o braço, mesmo que tenha sido golpeado fortemente nele. Controlar seu próprio corpo significa não deixar que as ações externas interfiram em suas ações, usando o controle do corpo e da mente.

Esses aprendizados se refletem no dia-a-dia, quando a pessoa passa a não se afetar com as reações enérgicas do chefe ou não perder o controle ao ser fechada por outro carro na rua. Além disso, mantém a mente equilibrada com eventuais problemas familiares, não fica inerte ou indiferente, e é capaz de analisar as situações sem julgamentos para que tenha tranquilidade de chegar à melhor solução. O controle mental permite que a visão não seja nublada e os problemas passam a ser mais simples de resolver.

O praticante de artes marciais aprende na prática a experimentar a turbulência de seus pensamentos, consegue limpar a mente, organizar os pensamentos úteis e usá-los como ferramentas, e não como itens que só atrapalham. A prática da meditação, que faz parte do treino marcial, é essencial para atingir este controle da mente.



                    Filosofia nas Artes Marciais

  Filo+sofia= amigo da sabedoria, isto deve estar no seu dicionario de termos filosoficos. 
Toda arte marcial tem inspiração e orientação em uma visao(doutrina) holistica, pois nao seria arte e sim tecnica marcial. A arte marcial tem limites e deveres que regem a postura e conduta do praticante, ao ponto de sem sabermos que arte marcial ele pratica, tenhamos noçao desta doutrina.

Alguem pacifico, bondoso, que respeite os demais sao caracteristicas de um artista marcial, que conseguiria com a sua "tecnica" matar ou ferir muitas pessoas, mas como artista procura a propria evolução na pratica marcial, tornando um homem melhor. Lembre-se que muitas artes marciais foram criadas e difundidas por religiosos(monges, sacerdotes) e naturalmente tem uma relação com a forma de pensar e agir destas pessoas, influenciando o seu ser.

 O sistema marcial é completamente criado de acordo com as leis do sistema filosófico vigente. Como os sistema filosóficos orientais são bem abrangentes no que me concerne ao desenvolvimento total do ser humano, os sistemas marciais são bem abrangentes também. Os sistemas marciais sempre estiveram ligados a um fim e não sendo a própria finalidade. Ou seja os objetivos da prática marcial eram outros que não marciais.
Com o advento da prática marcial pelos monges, inicialmente a prática objetivava o desenvolvimento espiritual. Isso porque a prática exige uma concentração e disciplina enormes e é portanto muito semelhante à meditação nesse sentido. É o exercício do corpo auxiliando à mente. 

Por isso a prática de filosofia se torna uma prática auxiliar e coadjuvante no desenvolvimento pessoal e marcial.
A prática marcial é bastante pessoal ou seja não é coletiva. E isso gera um aperfeiçoamento pessoal dentro do artista, obviamente o praticante que não objetivar tais aperfeiçoamentos não os atingirá. Quando o exercício marcial é executado com fins meramente marciais o ser fica bastante alienado e geralmente se torna bem limitado no sistema. 

 Isso se deve ao fato de desviar o objeto da prática para outro que não o original. Imagine qualquer hábito que se faça diariamente, pense que se o fizer com objetivos que não o competem ele certamente não irá se cumprir exatamente como o queria! 
Por exemplo, já imaginou utilizar um fogão para lavar pratos?
 Certamente você não irá assar nada e provavelmente não lavará nenhum prato! Assim acontece com as artes marciais, logicamente não tão drástico nem radical, mas bem semelhante. 

As pessoas costumam desviar o objetivo inicial da prática marcial que durante séculos estava ligado ao desenvolvimento pessoal e filosófico.

   Além desses objetivos acredito que um praticante que não tiver um mínimo de filosofia na sua prática torna-se um assassino com os punhos. Uma arte que é a arte de lutar tem que ter limites e esses limites são impostos pela Filosofia Marcial. 

A filosofia marcial trata apenas de questões ligadas à arte e à sua execução, de modo geral organiza a mente do praticante para agir de forma coerentemente ética. 

Cada arte tem um código de conduta e isso é visível até mesmo em artes que atualmente são meramente competitivas, com isso não quero criticar os códigos de conduta, mas o código sem um estudo do mesmo se torna um pouco supérfluo.

 Talvez os códigos tenham sido criados com esta finalidade no entanto com a difusão descontrolada da arte meramente marcial, os códigos vão perdendo  o seu sentido e sua forma é mantida  apenas sobre um aspecto  material e/ou cultural.

 Qual seria um outro verdadeiro motivo para o envolvimento de diversos praticantes de artes marciais estarem envolvidos em brigas de rua, confusões entre outros? Diversão!
A prática marcial apenas por diversão torna qualquer motivo um motivo para se divertir e conseqüentemente com a diversão que mais agrada ao indivíduo. Pode parecer um pouco infantil. Eu afirmo incisivamente que é!


                   CONTROLE EMOCIONAL É LIÇÃO VALIOSA

  O Tuchy-Foashy faz com que o praticante confronte o seu pior inimigo: ele próprio, representado por suas emoções. O controle emocional exige que a pessoa analise suas responsabilidades, culpas ou ressentimentos. 

Afinal, o descontrole ocorre quando há consequências negativas de uma determinada situação. Se o artista perder o medo de errar, assumir a sua responsabilidade pelas suas ações e, principalmente, perdoar-se por tudo o que fizer de mal, estará livre do medo das emoções.

  Aí o praticante de Tuchy-Foashy conquista o pleno conhecimento de si mesmo, em todos os aspectos, o físico, o mental e o emocional. Controla todos os aspectos da sua vida. Sabe que sua vida está interligada a todas as outras, mas que tem pleno controle sobre suas próprias ações. 

O praticante de artes marciais vislumbra que aprender a lutar é o caminho, a ferramenta para desenvolver todos os aspectos do seu autoconhecimento, e pré-requisito para o seu autocontrole.

Ele aprende que toda a luta foi para combater a si mesmo, e que ele sempre seria o vencedor no final, e que não existe o inimigo externo. E quando todos chegam a este estágio de desenvolvimento não há mais lutas, somente a paz, pois a verdadeira luta é interior.

E esta é a essência e o paradoxo não só do Tuchy-Foashy, mas tambem da maioria das artes marciais: aprender a lutar para nunca mais precisar lutar...